segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A INFÂNCIA EM POESIA - O MENINO QUE GANHOU UM RIO

A INFÂNCIA EM POESIA
O MENINO QUE GANHOU UM RIO
Manoel de Barros
Minha mãe me deu um rio.
Era dia de meu aniversário e ela não sabia o que me presentear.
Fazia tempo que os mascates não passavam naquele lugar esquecido.
Se o mascate passasse a minha mãe compraria uma rapadura ou
bolachinhas para me dar.
Mas como não passara o mascate, minha mãe me deu um rio.
Era o mesmo rio que passava atrás da casa.
Eu estimei o presente mais do que fosse uma rapadura do mascate.
Meu irmão ficou magoado porque ele gostava do rio igual aos outros.
A mãe prometeu que no aniversário do meu irmãoe
ela iria dar uma árvore para ele.
Uma que fosse coberta de pássaros.
Eu bem ouvi a promessa que a mãe fizera ao meu irmão. E achei legal.
Os pássaros ficavam durante o dia nas margens do meu rio
e de noite eles iriam dormir na árvore do meu irmão.
Meu irmão me provocava assim: a minha árvore deu flores, lindas em
setembro.
E o seu rio não dá flores!
Eu respondia que a árvore dele não dava piraputanga.
Era verdade, mas o que nos unia demais eram os banhos nus no rio
entre os pássaros.
Nesse ponto nossa vida era um afago!


Esta poesia foi extraída do Informativo que é uma publicação quinzenal dedicada a Educadores, cujos conteúdos são de inteira responsabilidade da autora. Seu objetivo é formativo: oferecer subsídios e reflexões em Psicologia, Educação Ambiental, Cultura da Paz e Espiritualidade, e renovar o propósito rumo a uma educação transformadora.
Maristela Barenco
Corrêa de Mello
(24) 2237-5801
stelabarenco@oi.com.br


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