quarta-feira, 20 de julho de 2011

RIO PARANÁ GANHA MAPA DE CORREDOR DE BIODIVERSIDADE

ONGs, organizações governamentais, institutos e universidades, reunidos, no começo de julho, na Estação Ecológica Caiuá, em Diamante do Norte, no Paraná, aprovaram o mapa que define os limites e as áreas prioritárias para conservação do Corredor de Biodiversidade do rio Paraná. A elaboração do mapa é uma das metas do projeto ‘Governança Participativa no Corredor de Biodiversidade do rio Paraná – Bioma Mata Atlântica’, desenvolvido por consórcio de instituições e rede gestora, com o apoio do Programa Demonstrativo da Mata Atlântica – PDA, do Ministério do Meio Ambiente – MMA.


De acordo com o técnico agrícola, Jair Pelegrin, da instituição proponente do projeto, o Instituto Maytenus, o corredor é um dos principais projetos ambientais em andamento no País “porque propõe planejar a paisagem que interliga a bacia do rio Paraná às florestas de araucária, a leste, e ao Pantanal, a oeste.”


Para traçar os limites do corredor, os técnicos do projeto trabalharam com vários mapas, entre os quais, o uso do solo, socioeconomia, remanescentes florestais, unidades de conservação e áreas indígenas. “Utilizamos ainda o ‘mapa das onças’ que são supostamente os locais que os felinos preferem quando se deslocam de um ponto a outro na paisagem”, explica Pelegrin. Segundo ele, a utilização da onça-pintada (Panthera onca) como detetive ecológico, espécie criticamente ameaçada de extinção no país, “é o grande diferencial do projeto que fez a proposta ser bem-avaliada no MMA.”


Entre as áreas prioritárias para a formação de corredores ecológicos ficaram definidos a conexão entre o Parque Nacional de Ilha Grande, passando pelo Parque Estadual do Ivinhema e a Estação Ecológica Caiuá, entre os estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul e a ligação entre o Parque Estadual do rio do Peixe e a Reserva Florestal da Lagoa São Paulo, em São Paulo. Entre as áreas em teste, para futura análise de prioridade, os participantes da oficina elegeram o trecho entre o eixo da barragem de Porto Primavera e o Parque Estadual do Ivinhema, que compreende os varjões da APA das Ilhas e Várzeas do rio Paraná, na região da tríplice fronteira entre São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, entre outras áreas testes.

O CORIPA e Corredor de Biodiversidade

Todos os municípios do CORIPA foram incluídos dentro dos limites do corredor. Segundo o Secretário Executivo do consórcio e biólogo Erick Caldas Xavier, as áreas que estiverem inseridas dentro do Corredor de Biodiversidade do Rio Paraná, como é o caso dos municípios do CORIPA, poderão ser beneficiadas por projetos que incentivam a agricultura familiar e a conservação da biodiversidade.
Já neste ano, pequenos agricultores serão contemplados com cultivo de café sombreado. O projeto irá arcar com o preparo do solo, com mudas de café e mudas de espécies arbóreas nativas, exóticas e frutíferas, as quais poderão ser utilizadas posteriormente com fins madeireiros. Viveiros da região serão revitalizados de forma quer possam oferecer mudas de qualidade para estes sistemas agroflorestais.
Entre o fim de agosto e o começo de setembro será ofertado um curso em São Jorge do Patrocínio voltado para produtores rurais, estudantes, lideranças locais e extensionistas.



Saiba mais
O que é o projeto?
O projeto Ações de Governança Participativa no Corredor de Biodiversidade do rio Paraná – Bioma Mata Atlântica tem como principal objetivo um criar um modelo de gestão bioregional integrado com base sustentável, considerando a biologia da conservação e o manejo da paisagem. Proposto por um consórcio de instituições, o projeto está sendo construído participativamente com os setores da sociedade que trabalham com pesquisa científica, boas práticas de segurança alimentar e que possam potencializar e replicar estrategicamente as ações de conservação e a autogestão.
O modelo de gestão adotado é o bioregional, integrado com base sustentável, tendo em vista a biologia da conservação e o manejo da paisagem.
Para o consórcio que administra o Corredor, não há espaços nem tempo para ações unilaterais. A meta é a construção de uma visão integrada dos processos ecológicos como o manejo da paisagem, a sustentabilidade socioambiental e a gestão participativa territorial.
Para isso, a base conceitual do projeto está sustentada nas seguintes diretrizes:
• Considerar os processos ecológicos “chaves” para a conservação dentro da teoria de diversidade ecológica e usar espécies indicadoras - os detetives ecológicos - para o monitoramento de microcorredores.
• A decisão sobre o desenho do corredor irá considerar os aspectos socioeconômicos, a fim de garantir uma delimitação que expresse toda a essência e as características daquele espaço.
• O planejamento e a execução das ações serão realizados em conjunto com os diferentes atores sociais, criando um novo modelo de gestão territorial a partir dos espaços sociopolíticos de participação.
• Potencializar e replicar experiências bem sucedidas de Sistemas Agroflorestais (SAFs) - através da capacitação e formação de multiplicadores -, como mecanismo de formação de ilhas de biodiversidade, conectividade da paisagem, fixação de carbono, segurança alimentar, renda familiar e qualidade de vida.
• O sistema hídrico será utilizado como referência de planejamento, execução e integração das ações.
O retrato atual da Mata Atlântica na região do Corredor está caracterizado por fragmentos florestais de diversos tamanhos e formas, isolados e desconectados. Muitos estão protegidos na forma de unidades de conservação e cercados de um mosaico variado de uso do solo.
Vários fatores contribuíram para a degradação excessiva da Mata Atlântica, como a utilização em larga escala do carbono pelas indústrias - enquanto matriz energética -, até a expansão da fronteira agrícola e modernização da agricultura, que acarretou em severos danos socioambientais.
A manutenção da floresta é importantíssima para o meio ambiente e também para a nossa sobrevivência. Pesquisadores e instituições ambientais consideram os processos ecológicos, a quantidade de endemismo, o número de espécies, a influência sobre o clima e a diversidade biológica essenciais à sobrevivência do nosso Planeta.
A área de influência do Corredor da Biodiversidade situa-se na porção oeste da bacia hidrográfica do Paraná, concentra 32% da população nacional e é o maior em desenvolvimento econômico do país.
As instituições consorciadas do projeto são o Instituto Maytenus, proponente do projeto, Apoena - Associação em Defesa do rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar, CESP – Companhia Energética de São Paulo, IPÊ - Instituto de Pesquisas Ecológicas, Itaipu Binacional, Mater Natura, Pró-Carnívoros e Secretaria do Meio Ambiente do Paraná – SEMA/IAP. O projeto é financiado pelo Ministério do Meio Ambiente por meio do Programa Demonstrativo da Mata Atlântica – PDA /PPG7 – Componente “Mata Atlântica”.


Saiba mais 2
Maior felino da América do Sul, onça-pintada está ameaçada de extinção


Com distribuição geográfica desde o sul dos Estados Unidos a Argentina, a onça-pintada habita o cerrado, caatinga, pantanal e florestas tropicais


A onça-pintada (Panthera onca) é o maior felino das Américas; seu corpo é robusto e musculoso, seu tamanho varia entre 1.120 – 1.850mm (cabeça e corpo) e altura entre 450 – 750mm, sua cauda tem cerca de 57,5cm e o peso varia entre 60 – 90kg. A onça pintada possui uma coloração que vai do amarelo bem claro a amarelo acastanhado, seu corpo é revestido por pintas negras que podem formar rosetas grandes, médias ou pequenas. Ela é atualmente encontrada das planícies costeiras do México até o norte da Argentina. Habita áreas de vegetação densa, abundância de água e alimentação; áreas tropicais e subtropicais, cerrado, caatinga e pantanal.
São animais de hábitos solitários e terrestres, urinam com grande freqüência para demarcar território. Sua atividade pode ser tanto diurna quanto noturna; são grandes saltadoras e nadadoras atravessando rios com 1 km de largura. Sua dieta é de uma grande variedade de mamíferos de médio e grande porte, aves e répteis.
A gestação de uma onça dura 90 – 110 dias podendo nascer de 1 a 4 filhotes. Os filhotes nascem com os olhos fechados que se abrem por volta do 13º dia e alcançam a maturidade sexual entre 2-4 anos. A onça tem perdido território por causa da modificação de seu habitat, a caça por conta dos pecuaristas, criadores em defesa dos seus animais.
Fonte: CORIPA - Consórcio Intermunicipal para Conservação do
Remanescente do Rio Paraná e Áreas de Influência.




Um abraço da
Professora Janete.

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